Os argumentos a favor do uso de palavrões pelos crentes podem parecer bons:
todo mundo usa, trabalho ou estudo num ambiente de descrentes e não quero
parecer um ET, não tenho nenhuma intenção maligna ou pornográfica, etc.
O "problema" - para os crentes que tomam a Bíblia
como regra de fé e prática e como o referencial de Deus para suas vidas - é o
que fazer com estas passagens:
"Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem" (Ef 4:29).
"3Mas a impudicícia e toda sorte
de impurezas ou cobiça nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a
santos; 4nem conversação torpe, nem palavras vãs ou
chocarrices, coisas essas inconvenientes; antes, pelo contrário, ações de
graças. 5Sabei, pois, isto: nenhum incontinente, ou impuro,
ou avarento, que é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. 6Ninguém vos engane com palavras vãs; porque, por essas coisas, vem a ira
de Deus sobre os filhos da desobediência. 7Portanto, não
sejais participantes com eles" (Ef 5:3-7).
"34Raça de víboras, como
podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o
coração. 35O homem bom tira do tesouro bom coisas boas; mas o
homem mau do mau tesouro tira coisas más. 36Digo-vos que de
toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do
Juízo; 37porque, pelas tuas palavras, serás justificado e,
pelas tuas palavras, serás condenado" (Mt 12:34-37).
"Não vos enganeis: as más conversações corrompem
os bons costumes" (1 Co 15:33)".
"Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar" (Col 3:8).
"Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar" (Col 3:8).
"A vossa palavra seja sempre agradável,
temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um" (Col
4:6).
"Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro,
tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é
amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor
existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento". (Fp 4:8).
As interpretações destes versículos podem variar entre si, mas resta pouca dúvida de que o conjunto deles traz uma mensagem uniforme: o filho de Deus é diferente do mundo, no que pensa e no que fala. A pureza e a santidade requeridas na Bíblia para os cristãos abrange não somente seus atos como também seus pensamentos e suas palavras.
Eu sei que muitos vão dizer que o problema é a
definição de palavrão. Entendo. Sei que palavras que ontem arrepiavam os
cabelos de quem as ouviam, hoje viraram parte do vocabulário normal. Sei também
que palavras que são palavrão numa região do Brasil não são em outra. Mesmo
considerando tudo isto, ainda há muitos cristãos que usam palavrões no sentido
geral e normal. É só ler blogs, comentários em blogs, murais e comentários no
Facebook, tuítes da parte de gente que se diz crente.
Acho que a vulgarização do vocabulário dos
evangélicos é simplesmente o reflexo do que já temos dito aqui muitas outras
vezes: o cristianismo brasileiro é superficial, tem muita gente que se diz
evangélica mas que nunca realmente experimentou o novo nascimento, as igrejas
evangélicas estão cedendo ao mundanismo e ao relativismo da nossa sociedade. em
vez de sermos sal e luz estamos nos tornando iguais ao mundo no viver, agir,
pensar e falar.
Proponho o retorno daquele corinho que aprendíamos
quando éramos crianças nos departamentos infantis das igrejas históricas:
"O sabão, lava meu rostinho
Lava meu pezinho, lava minha mão.
Mas, Jesus, prá me deixar limpinho,
Quer lavar meu coração".
Rev. Augustus Nicodemus Lopes