Sob este título, estudaremos as virtudes
relacionadas com o equilíbrio emocional e temperamental tanto dos líderes como
dos demais cristãos.
“Temperante”
I Tm 3.2. Ver também I Tm 3.11 e Tt 2.2.
O indivíduo
temperante tem uma perspectiva clara e profunda da vida; seus prazeres não são
primariamente os dos sentidos, mas, sim, os da alma; não se dá a excessos (na
alimentação, no trabalho, na doutrina), mas é moderado, equilibrado e
cuidadoso. Esta virtude relaciona-se com os gostos e hábitos físicos, morais e
mentais. Ver Fp 4.5.
“Sóbrio”
I Tm 3.2; Tt 1.8. A palavra grega, que nestas
passagens é traduzida por “sóbrio”, aparece em Tt 2.2,5 e é traduzida por
“sensato”. Também pode significar “prudente”. Talvez o melhor comentário
sobre o que Paulo tinha em mente se encontra em Rm 12.3. O apóstolo queria
instruir os cristãos a fazerem uma avaliação mais “sóbria”, “sensata” ou
“prudente” de si mesmos em relação a Deus e aos outros cristãos. Ver Rm 12.4-8;
1 Co 12.14-27. Nas igrejas de Roma e de Corinto, havia crentes que tinham uma
opinião demasiadamente elevada acerca de seus respectivos dons espirituais e
posição no corpo de Cristo. Conseqüentemente, Pauto teve de escrever-lhes:
“digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém, antes,
pense com moderação…” (Rm 12.3). As pessoas sóbrias são necessariamente
humildes. Elas têm uma opinião equilibrada a seu próprio respeito. Estão
cônscias de que tudo o que têm (dons, habilidades, posses, etc.) vem de Deus.
Sem Ele, não são nada (Jo 15.4).
Todavia, esta virtude não significa fraqueza. Ter
uma perspectiva adequada do nosso lugar dentro da família de Deus e reconhecer
que não somos nada sem Cristo, não significa que devemos ser tímidos, retraídos,
sem auto-estima, sentindo-nos incapazes. Timóteo, ao que parece, tinha problemas
neste setor. Paulo escreveu-lhe: “…te admoesto que reavives o dom de Deus, que
há em ti… Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de
amor e de moderação. Não te envergonhes, portanto… “ (II Tm 1.6-8). E “ninguém
despreze a tua mocidade…” (I Tm 4.12).
As pessoas, mesmo crentes, freqüentemente vão a
dois extremos. Ou se consideram um fracasso ou têm uma opinião exagerada de si
mesmas. Precisamos saber que tudo o que somos e temos provém de Deus,
graciosamente. Por outro lado, devemos reconhecer e usar os recursos materiais,
os talentos naturais e os dons espirituais que Deus nos tem dado e com eles
fazer grandes façanhas para Deus (II Co 3.4-6a; Fp 4.13).
“Modéstia”
I Tm 3.2. No original grego, o termo
significa “bem comportado”, “respeitável’, “ordeiro” ou “bem-
organizado”. Paulo está dizendo aqui que o líder da igreja deve ter uma
vida bem organizada, tanto no que diz respeito à moral interior como no que se
refere à conduta exterior. Pensamentos e conceitos organizados, arrumados e
limpos; vestimenta, calçado, cabelo, barba, casa, jardim, mesa de trabalho,
carro, tudo bem tratado e com boa aparência. Paulo usa a mesma palavra quando
fala da maneira como as mulheres devem se vestir (I Tm 2.9-10).
A forma verbal dessa palavra é ainda mais
esclarecedora. Aparece em Mt 12.44 (casa varrida e ornamentada), Mt 23.29
(túmulo adornado), Mt 25.7 (lâmpadas preparadas), Lc 21.5 (templo ornado
de belas pedras e de dádivas). Mas talvez o uso mais expressivo do termo seja o
que Paulo lhe dá em Tt 2.9-10. Os servos devem ser obedientes, não respondões
etc., “a fim de ornarem… a doutrina de Deus, nosso Salvador”. Esta ilustração,
naturalmente, alarga o conceito da respeitabilidade ou modéstia. Paulo está
dizendo que um homem respeitável ou modesto adorna os ensinamentos do Bíblia. A
fala, a veste, o escritório, o lar, os negócios – tudo deve ser mantido em
ordem, com boa aparência, a bem do testemunho e da doutrina. Nosso Deus é
ordeiro!
“Não dado ao vinho”
I Tm 3.3,8; Ti 1.7. A posição bíblica nessa questão
de beber ou não beber vinho (ou bebidas alcoólicas como cerveja, e outras mais
fortes) é a de equilíbrio, de moderação e cuidado. Paulo diz: “não dado ao
vinho” e “não inclinado a muito vinho”. Em I Tm 5.23 ele mesmo recomenda
ao jovem pastor Timóteo: “Não continues a beber somente água; usa um pouco de
vinho por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades”. Naquela
época, o vinho era reputado medicamente útil na ajuda à cura de várias
enfermidades; e quem sofria de dificuldades de digestão poderia ser ajudado
mediante o uso moderado do vinho.
Em suas epístolas, Paulo combate a posição
extremada dos hereges gnósticos da época, os quais pregavam o ascetismo
(práticas de abstinência com fins espirituais ou religiosos). Ver I Tm 4.3-4;
Cl 2.16,18. E também Jo 2.1-11; Mt 11.19.
Por outro lado, o mesmo apóstolo e outros autores
sagrados condenam veementemente o uso abusivo do vinho (suco de uva fermentado)
e de bebidas fortes. Paulo escreveu aos Efésios: “Não vos embriagueis com vinho
no qual há dissolução…” (Ef 5.18). E o sábio Salomão escreveu nos
Provérbios: “Para quem são os ais? para quem os pesares?… para os que se
demoram em beber vinho, para os que andam buscando bebida misturada. Não olhes
para o vinho quando… resplandece no copo…” Em outras palavras, se o vinho lhe
parece tão atraente, tentador, evita-o! Ver Pv 23.29-35.
Há um outro aspecto deste assunto que precisamos
considerar. Embora Paulo não ensinasse a abstinência total por motivos
ascéticos (que estimulam o orgulho espiritual), ele disse aos romanos: “… é bom
não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu
irmão venha a tropeçar” (Rm 14.15-21 e 15.1-3). O amor aos irmãos é o
princípio mais elevado.
Assim, temos dois ensinos diretos na Palavra de
Deus em relação ao vinho ou outra bebida forte:
a) Não podemos ser adeptos da
bebida e jamais devemos permitir que ela nos influencie negativamente.
b) Haverá circunstâncias em que a melhor coisa a
fazer é abster-nos totalmente do vinho (e bebidas alcoólicas) a fim de não
servir de escândalo para outros.
Os líderes, mais que os seus liderados, têm o dever de praticar estes princípios.
Os líderes, mais que os seus liderados, têm o dever de praticar estes princípios.