"A volta do filho pródigo" de Rembrandt Van Rijn. (1606-1669) |
Em
Lucas 15 Jesus contou três parábolas imortais. Todas elas têm a mesma ênfase: a
restauração dos que haviam se perdido. Há algumas progressões nessas parábolas:
de cem ovelhas, uma se desviou; de dez moedas, uma foi perdida; de dois filhos,
um abandonou a casa paterna.
A
ovelha se desviou por descuido; a moeda foi perdida por negligência; o filho
foi embora de casa por ingratidão. Nos três casos, há um processo de busca ou
espera. As parábolas terminam com o mesmo enfoque, a alegria do reencontro com
os que se haviam perdido. As três parábolas, embora com nuances diferentes, têm
a mesma lição central: Deus ama os pecadores, mesmo aqueles que são enjeitados
pela sociedade, ou rejeitados pela religião. Deus se alegra na salvação deles e
festeja a sua volta ao lar. Vamos nos deter, agora, na última parábola.
Embora
essa seja mundialmente conhecida como a parábola do filho pródigo, sua lição
central recai não na fuga do filho rebelde, nem mesmo no seu arrependimento e
volta ao lar, mas no amor gracioso do pai. A despeito do pródigo não valorizar
o conforto do lar nem a companhia do pai e do irmão; a despeito do pródigo
pedir sua herança antecipada e assim, considerar o seu pai morto; a despeito do
pródigo romper os laços com sua família de forma tão radical e sair para uma
terra distante para viver na dissolução, esbanjando os seus bens com os
prazeres do pecado; a despeito do pródigo, com profunda ingratidão, ter calcado
debaixo dos seus pés o amor do pai e todos os valores morais aprendidos com
ele; a despeito do pródigo ter esbanjado toda a herança com vida desregrada e
colher os frutos amargos de sua maldita semeadura; a despeito do pródigo voltar
para casa maltrapilho e sujo, arruinado e falido, o pai corre ao seu encontro,
o abraça, o beija, o restaura e celebra a sua volta. Esse amor restaurador do
pai tem algumas características:
Em
primeiro lugar, é o amor que procura e
espera a volta do pródigo. Não é o homem perdido que busca a reconciliação
com Deus; é Deus quem o procura, quem muda seu coração e quem o recebe de
volta. Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo. Tudo procede de
Deus. É ele quem nos escolhe, chama, justifica, glorifica e festeja a nossa
volta aos seus braços.
Em
segundo lugar, é o amor que perdoa e
restaura o pródigo. O filho pródigo não foi recebido de volta como um
escravo, mas como filho. O pai corre ao seu encontro e o abraça e o beija. O
pai manda lhe colocar vestes novas, sandálias nos pés e anel no dedo. O perdão
é real e a restauração é completa. Para sermos reconciliados com Deus, três
atitudes divinas foram tomadas: Primeiro, Deus não imputou a nós as nossas
transgressões (2Co 5.19). Segundo, Deus colocou as nossas transgressões sobre
Jesus (2Co 5.21a). Terceiro, Deus imputou a justiça de Cristo a nós (2Co 5.21).
Estamos não apenas de volta ao lar, mas também perdoados e justificados.
Em
terceiro lugar, é o amor que celebra a
volta do pródigo ao lar. Deus não só perdoa e restaura, ele também festeja
a volta do filho prodigo ao lar. Há alegria diante dos anjos de Deus por um
pecador que se arrepende. Houve festa, música e alegria na casa do Pai, porque
o filho que estava perdido foi encontrado, o filho que estava morto, reviveu.
Deus se alegra quando os pródigos voltam para casa. Deus celebra com entusiasmo
quando os pecadores se arrependem. Os anjos de Deus comemoram a chegada dos
pródigos ao lar paterno. Deus tem prazer na misericórdia. Ele se deleita na
salvação dos perdidos. Oh, amor bendito! Oh, graça infinita! Oh, salvação
gloriosa!
Rev. Hernandes Dias Lopes
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