1-5: Paulo era visto por muitos como um
falso pregador, pois era perseguido pela grande maioria do povo judeu, os quais
rejeitavam sua mensagem. E Paulo sentia profunda dor e angústia por seus
parentes segundo a carne ao ponto de como Moisés, desejar, se fosse possível,
perder a salvação pelo bem deles. Pode-se notar aqui que embora Paulo cresse na
Soberania de Deus, isso não o impedia de sentir compaixão pelo perdido que
rejeitava a Cristo. Para Paulo não há nenhuma contradição entre a Soberania de
Deus e a compaixão pelo perdido.
Augustus Nicodemus |
6: Toda essa rejeição pelos judeus
colocava a mensagem de Paulo em descrédito, e, por isso, Paulo então escreve os
capítulos 9, 10 e 11 para mostrar que a Palavra de Deus não falhou e qual era o
plano escatológico de Deus para nação israelita.
7-13: O primeiro argumento de Paulo
mostrando que a Palavra de Deus não falhou é sobre a filiação espiritual. Paulo
mostra que os verdadeiros israelitas não são os filhos da carne (Ismael e
Esaú), mas os filhos da promessa (Isaque e Jacó). Logo, a promessa de Deus não
falhou, mas se cumpriu nos filhos da promessa, que foram eleitos por Deus.
Paulo exemplifica essa eleição nos irmãos gêmeos Esaú e Jacó, afirmando que
Deus escolheu Jacó, mas rejeitou Esaú, mesmo antes deles terem nascido ou
praticado bem ou mal; e isso para que a eleição estivesse firmada não nas
obras, mas em Deus, que chama.
14-18: Paulo a seguir começa a responder
possíveis argumentos que ele já prevê que serão feitos. O primeiro argumento é
que se Deus escolheu Jacó e rejeitou Esaú sem levar em conta a vida deles isso
seria injusto. E a resposta de Paulo é que a misericórdia de Deus é livre e
Deus escolhe com quem terá ou não misericórdia. Provando isso Paulo cita o
Velho Testamento (lembre-se que a discussão é em relação a judeus) onde Deus
diz a Moisés que teria misericórdia de quem quisesse e onde diz que levantou o
Faraó para glorificar Seu nome. Quanto ao Faraó há no relato bíblico tanto
afirmações de Deus dizendo que o endureceu, quanto do Faraó endurecendo seu
próprio coração.
19-24: Paulo prevê um novo contra-argumento:
Se Deus endurece quem quer, porque Ele ainda afirma que o homem é responsável?
Ou em outras palavras: como Deus pode ser Soberano e o homem responsável? A
resposta de Paulo é um “basta”, onde Paulo delimita o perguntar por buscar
conhecer a Deus e o perguntar por se rebelar a Deus. A resposta de Paulo é que
de uma mesma massa (caída) Deus pode fazer vasos para honra (crentes) e outros
para desonra (descrentes). Cabe ressaltar que quando ele fala os vasos
preparados para perdição, Paulo não deixa claro quem preparou – de forma
oposta, está explícito que os vasos preparados para glória foram preparados por
Deus. Pode-se entender disto que tanto o pecador se prepara para perdição, como
Deus o prepara e atura para tal fim (em semelhança a Faraó endurecendo seu
coração e Deus endurecendo o coração dele).
24-29: Paulo aqui mostra que esta eleição
para glória, os vasos de misericórdia, não é restrita aos judeus, mas também
inclui os gentios, corroborando isso com versículos do Velho Testamento. Mostra
também que a preservação de judeus crentes é baseada na misericórdia divina – o
remanescente, aqueles que Deus deixou descendência.
Logo,
devemos lembrar que Paulo mesmo crendo na Soberania divina na eleição:
1)
Não via nenhuma incoerência em sentir compaixão pelo perdido rejeitado;
2)
Não via nenhuma incoerência na necessidade de pregar o Evangelho (pois o mesmo
Deus que elege pessoas elegeu que o método pela qual elas seriam salvas fosse a
pregação)
Se
a sua crença na Soberania de Deus impede você de sentir compaixão pelo perdido
e de evangelizar, você deve rever sua crença, pois certamente não impedia
Paulo.
Rev. Augustus Nicodemus
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